A DANÇA ATRAVÉS DOS TEMPOS

 

A Dança é uma das expressões dos sentimentos humanos e figura ao lado da Música e da Poesia desde o início da humanidade. É, essencialmente, um conjunto de movimentos rítmicos de todo o corpo, ou de parte dele, para exprimir as próprias emoções religiosas, para divertimento, ou para desenvolvimento de alguma idéia. Como se pode observar entre os povos de caráter primitivo, a dança não foi, na antiguidade, um meio de divertimento ou passatempo, mas teve uma finalidade prática e até certo ponto mágica, influenciada por forças ocultas que se procuravam utilizar em proveito da humanidade.

 

Entre os primitivos, as danças eram simbólicas e executadas com a intenção de atrair o favor da divindade em benefício de determinada atividade humana, aparecendo, assim, tantos tipos de dança quantos objetivos diferentes tiveram os nossos antepassados. A dança agrícola era uma delas. Visando favorecer a germinação e o crescimento das plantas, era representada por um conjunto de movimentos e figurações mágicas e imitativas do trabalho do campo. Outra era a dança da caça, executada ao redor da figura de um animal esculpido, com o intuito de aumentar a caça e facilitar ao caçador o encontro da mesma; ou a dança da guerra, conjunto de movimentos bélicos executados com as armas em punho e simulando assalto ao inimigo e domínio do mesmo, interpretada antes do combate para obter a vitória e, depois, para celebrá-la e afastar a influência de alguns dos inimigos mortos. Quando surgia uma epidemia, uma doença, ou falta de alguma coisa necessária à vida, realizavam-se danças purificadoras, nas quais quase sempre se empregava o fogo, acreditando-se que com essas evoluções e rituais mágicos a pessoa, ou o lugar, ficaria limpo da epidemia, da doença e da carência, ou então livre dos maus espíritos que acarretavam esses males.

 

A dança, como expressão de sentimento, é um reflexo da índole e dos costumes dos povos e, portanto, evoluiu com a humanidade. Os egípcios, os assírios, os caldeus e todos os povos primitivos tiveram suas danças características, cujos movimentos, isolados ou em conjunto, nos foram preservados pela História através de quadros e gravuras encontrados nos monumentos e objetos de arte antiga. Quanto aos hebreus, encontram-se na Bíblia diversas referências de danças executadas em sinal de regozijo pelos benefícios recebidos por esse povo, tendo se tornado célebre a feita por Davi diante da Arca, ao som de sua harpa. Mas foi entre os gregos que a dança atingiu sua maior cultura na antiguidade, como parte da educação nacional, estando presente não só nas cerimônias solenes, religiosas ou civis, mas também em festividades e jogos públicos, sob todas as formas e prestando-se a todos os assuntos.

 

Os monumentos gregos nos recordam a multiplicidade e variedade de suas danças, que os historiadores antigos agrupavam em dois tipos principais: a pírrica, de cunho militar, com ritmo pesado e música simples geralmente acompanhada por instrumentos de percussão; e a cíclica, que englobava todas as outras variedades de danças alegres, usualmente acompanhadas de música viva, ao som da cítara. Entre os romanos a dança não teve grande desenvolvimento. Importaram-na muito tarde dos gregos, e muito degenerada, apreciando-a apenas como espetáculo. Com a invasão dos bárbaros ela desapareceu completamente em meio à tormenta pavorosa das lutas invasoras e, depois, no período confuso da Idade Média, vindo a reaparecer com a Renascença. Restaurada na Itália, e em seguida na França, reapareceu novamente sob as mais variadas formas, retomando o esplendor adormecido por tantos séculos.

 

No gênero nobre e pomposo surgiram então a sarabanda, a pavana, a corrente, a gavota, o minueto e a chacona. No gênero alegre, a galharda, a noiva, as canárias, o passa-pé, o rigodão, o tamboril, etc. Ao lado das danças da cidade apareceram as danças do campo, entre elas a poitivine, a burrée, de Auvergne, a perigordina, a farândola, etc., além das danças características de diversas festas, como as de São João, a dança dos brandões, etc. Modernamente, distinguem-se dois tipos principais de danças: a clássica e a de salão. A primeira, executada individualmente ou em grupos, conservou os movimentos e figurações que herdou dos gregos, como expressão dos sentimentos ou desenvolvimento de uma idéia, de um motivo, a segunda evoluiu muito, principalmente depois do aparecimento da contradança, e mais tarde da quadrilha. Distinguiram-se, então, a valsa, que predominou nos salões imperiais e reais de toda a Europa, a polca, a mazurca, da redova (dança polaca), e duas variedades de quadrilha.

 

Além dessas danças célebres nos tempos imperiais, cada povo tem suas danças regionais e preferidas. Na Espanha elas são numerosas e originais, geralmente acompanhadas pela guitarra, castanholas e pequenos pandeiros, às vezes com o bater das mãos e dos pés, em compassos ternários (divididos em três tempos iguais), ou a seis e oito tempos. Entre as danças regionais italianas são notáveis a tarantela, a forlana dos gondoleiros de Veneza, e a trevisanaI de Frulli, antigo ducado desse país. A Polônia tem a polca, a cracóvia e a mazurca. Os ingleses não se distinguiram em matéria de dança, importando-a de outros países. Os húngaros têm sua húngara, semelhante à polca e à czarda. A Rússia tem danças características pouco espalhadas no Ocidente, entre elas a canaica e a cossaca.

 

Com o desenvolvimento do Novo Mundo, apareceram e se divulgaram novos tipos de danças características de diversas regiões da América, geralmente baseados nos ritmos indígenas. A partir de 1912, com o surto de progresso do século 20 e a facilidade de comunicação entre os povos, o intercâmbio musical e folclórico entre os vários países foi grande; os ritmos americanos apareceram na Europa, levando novos atrativos aos chás-dançantes e aos clubes sociais. O tango argentino; o maxixe, o samba e o baião do Brasil; o fox-trote, o swing e o rock norte-americanos; a rumba, do México e de Cuba; o bolero, dança regional da Andaluzia, Espanha; a conga, o mambo, etc.

 

Todas essas manifestações modernas dos sentimentos das diversas regiões do mundo definiram os campos da arte de danças, englobando as antigas sob o título de danças clássicas, características dos balés, e as modernas sob o título de danças de salão.

 

FERNANDO KITZINGER DANNEMANN

 

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