A origem da palavra "perfume" deriva do latim "Per"
(através)
e
"fumus" (fumo) - indicando claramente que foi, em principio, exalado
por resinas queimadas no incenso.
Desde tempos imemoriais, perfumes e o incenso têm sido usados
em festas religiosas de coroação de druidesas com
verbena e outras ervas sagradas, ungindo os sacerdotes com
óleo sagrado perfumado e estimulando a
criação de uma atmosfera devocional nos
santuários.
Sabia-se que os óleos usados nas pessoas ajudavam ao
indivíduo, e que o incenso quando queimado tinha o poder de
atrair anjos ou reservas beneficientes da natureza. Além
disso, possuía o poder de repelir espíritos
malignos. Consequentemente, os antigos, em sua sabedoria, fizeram dele
uso abundante nos seus rituais - tanto para atrair boas
influências, quanto para exorcizar as más.
A história revela uma relação
perpétua entre o incenso e as observâncias
religiosas de todas as épocas. Dos povos mais primitivos aos
altamente cultos de cada país e
civilização, alguma forma de incensamento
ritualístico, simbolizando um sacrifício
espiritual e uma oferenda de aspirações dos
devotos aos seus deuses, tem sido incluída nas
práticas religiosas.
Felizmente, alguns dos papiros de uma das mais antigas
civilizações - o Egito - sobreviveram aos
séculos e elucidaram muitas das práticas
espirituais e rituais religiosos daqueles tempos. O incenso era
aparentemente uma parte vital dos seus rituais e era preparado com o
máximo cuidado e precisão foi do Egito que, pela
primeira vez, nos chegou a ciência do incensamento.
O incenso sacro egípcio, chamado "kyphi", era feito de uma
fórmula especial. Preces e encantamentos eram utilizados
durante a mistura dos ingredientes para impregnar o material com os
poderosos pensamentos dos sacerdotes, sendo uma tarefa de particular
importância - os sacerdotes escolhidos para cultivar as
árvores e plantas sagradas (das quais se fazia o incenso)
viviam uma vida de pureza e austeridade para cumprir sua, tarefa
espiritual com perfeição.
Seu cuidado, carinho e reverência eram imensos, pois
acreditavam que as plantas vivas se beneficiavam das
atenções e radiações dos
seres humanos - um fato que hoje está sendo provado por
cientistas e botânicos modernos (vide Máquina de
Kirlian).
Os árabes por sua vez, extraíram seus
conhecimentos sobre os efeitos do incenso, do Antigo Egito e
rapidamente desenvolveram o uso de perfumes e óleos em uma
arte altamente evoluída até hoje conhecida e
cultuada..
Resinas, gomas e especiarias eram utilizadas no embalsamamento,
fumigação e medicina na Pérsia, Iraque
e Arábia, onde eram queimadas nas piras
funerárias, em casamentos e em outras
celebrações (batismos, funerais e festas
religiosas).
Era um
costume enraizado na vida diária do povo.
O incenso cumpriu um papel importante nas práticas
religiosas e rituais místicos da antiga Babilônia,
Pérsia, Turquia, Síria e Arábia - e
parece ter sido deste último país que o seu
conhecimento chegou à Europa, onde caravanas de incenso
tornaram-se cada vez mais populares. O uso abundante do incenso na
Corte e na Igreja tornou-se um símbolo de poder e riqueza e
gradativamente os perfumes tornaram-se conhecidos e utilizados por
todas as culturas clássicas da Europa.
Hipócrates, Críton e outros
médicos-filósofos consideraram os perfumes como
uma ajuda vital nas terapias de cura e classificaram-nos como
medicamentos, receitando-os para tratamento, especificamente nos casos
de problemas nervosos de vários tipos. A
"História Natural" de Plínio cita numerosos
perfumes florais para serem usados como remédios naturais.
O filósofo grego Theofrasto acreditava que algumas
doenças tornavam-se mais agudas pelo uso da
inalação de perfumes estranhos à
natureza da pessoa, sendo então necessário um
perfume equilibrante para a cura.
Diz ele que naquela época 200 A.C. - o perfume da rosa foi
elaborado mergulhando-se as flores em vinho doce, indicando que havia
uma experimentação na arte da
destilação e um interesse vital em
óleos essenciais.
No pensamento grego os perfumes eram associados com os imortais, e
acreditava-se que o seu conhecimento chegou ao homem através
da indiscrIção de Aeone (na mitologia, uma das
ninfas de Afrodite).
Os romanos representavam mais o aspecto positivo ou masculino da
cultura de seu tempo, não tendo se utilizado muito dos
aromáticos, até que seus hábitos e
gostos foram eventualmente influenciados pelo contato com os gregos.
Os hebreus eram familiarizados com o uso do incenso e óleo
de ungimento sacro, que se dizia serem compostos de mirra, canela doce,
cálamo, cássia e óleo de oliva. Seu
incenso foi introduzido por Ordem Divina "Deveis construir um altar
para queimar incenso sobre ele... e Aarão deverá
queimar ali incenso todas as manhãs". Queimar incenso nas
rezas permaneceu um costume através dos séculos.
Velas perfumadas foram usadas na época de Constantino e sem
dúvida, o incenso também, mas não, de
modo algum, na Igreja Cristã antes do século IV.
Daí então sua popularidade no ritual da igreja
cresceu regularmente até que - aproximadamente no
século XVI - óleos aromáticos e
resinas foram aceitos como necessários para o uso no
incenso, nas igrejas e nas capelas privativas dos soberanos. As rotas
comerciais entre a Europa e o Oriente traziam tanto do precioso
incenso, essencialmente o sândalo, que se tornaram conhecidas
como as "trilhas de sândalo".
O incenso era conhecido e empregado pelo povo das antigas dinastias
chinesas para exorcizar maus espíritos de pessoas
possuídas por entidades demoníacas - pessoas em
dificuldades mentais similares àquelas muitas que se
encontram hoje em casas de saúde, clínicas
psicoterapêuticas e hospitais. O incenso era queimado para
purificar a atmosfera e livrar o ambiente de qualquer
espírito que estivesse assombrando ou perturbando uma casa
particular. Além desses propósitos, os chineses
eram tão conhecedores quanto os egípcios no seu
uso do incenso nas cerimônias religiosas e deliciavam-se com
o uso de outras fragrâncias exóticas existentes no
Oriente. Parecem ter utilizado como ingredientes de seu incenso, o
sândalo, o almíscar (musk) e flores como o jasmim.
Sabe-se que Confúcio teria elogiado o incenso e recomendado
o seu uso.
O uso do incenso na índia é encontrado em todos
os antigos registros daquele pais, e a origem e os
propósitos do incensamento foram transmitidos desde os mais
remotos tempos do começo da cultura indiana até
os nossos dias - ainda hoje é o primeiro pais do mundo na
sua produção. São muito utilizados os
incensos feitos com óleos de rosa, jasmim, pandang, champac,
patchouli, sândalo, cipreste e outros, cada um criando um
efeito distinto para o ritual religioso e para o uso pessoal caseiro. A
poesia indiana. é generosamente salpicada de
descrições das divinas nuvens de
exóticos perfumes, que eram sempre associados a seus deuses.
O costume da queima de incenso era comum em todos os templos da maior
parte das religiões e seitas da índia. Os
adoradores do fogo, os Zoroastrianos, são representados na
índia pelos Parais, que cuidam ritualisticamente de seu fogo
sagrado e queimam incenso em forma de sacrifício,
regularmente durante o dia.
Os aztecas usavam incenso nos ritos processionais e em
sacrifícios, festivais e festas. Seu deus Quetzalcoatl teria
se deliciado nos perfumes aromáticos e incensos onde eles
usavam a resina copal, juntamente com uma planta rara, que se
supõe induzia nos devotos estados de consciência
semelhantes a um transe.
Parece que o incenso foi usado também pelos
anglo-saxões - é certo que muitos ingredientes
perfumados foram utilizados em muitos dos ritos pagãos e
festivais de adoração da natureza.
O incenso foi gradualmente incorporado no ritual
eclesiástico em todos os lugares, tendo permanecido
até os dias de hoje na maioria das igrejas onde antigas
cerimônias são ainda celebradas. Aqueles que
são sensíveis à atmosfera podem sentir
o aumento do poder espiritual trazido até nós com
a ajuda do ritual de incensamento.
Podemos concluir que nos tempos antigos o uso de perfumes era uma arte
cultivada, usada para realçar seu deleite e
apreciação da própria vida.
Foi também usado na santificação dos
locais espirituais de adoração, para tornar
cientes a todos da presença dos deuses e para
lembrá-los das grandes forças naturais que
aqueles deuses simbolizavam.
Os incensários estavam continuamente acesos nas casas e
prédios, assim como nos jardins e arvoredos e aos
pés das estátuas - servindo para lembrarnos
constantemente da eterna presença das Deidades.
Sally
E. Jsnasen,
Texto
do Livro,
"A GUIDE
TO THE PRACTICAL USE OF INCENSE"
SITE AROMAS DA LUZ.
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