O roteiro da
evolução guarda um
tempo milenar
Segundo ensinam os
Espíritos, fomos
todos criados por
Deus absolutamente
simples e sem nenhum
conhecimento. Antes
de ingressar na
categoria dos
humanos, que é
considerada a obra
prima da Criação,
teríamos estagiado
em diferentes
condições,
aprendendo em todos
os reinos da
natureza, ainda como
mero princípio
espiritual. Façamos
um
passeio por esse
caminho evolutivo
até chegarmos ao
homem inteligente.
Quando éramos ainda
a mônada celestial,
fomos levados pelas
babás da
espiritualidade para
conhecer as reações
dos minerais, dos
vegetais e dos
animais. No reino
mineral, conhecemos
o carbono, tomamos
contato com a
química orgânica e
vimos como se
processam as
combinações. O
oxigênio,
indispensável à
vida, une-se com o
hidrogênio, que
entra numa infinita
série de compostos,
para juntos formarem
a água. H2O. Sem ela
os seres não
sobrevivem.
Vimos também que as
pedras,
aparentemente
inertes, têm todo um
movimento interior,
porque moléculas,
átomos e demais
partículas
infinitamente
menores são coesas e
nos dão exemplo de
união. Aprendemos
sobre a evolução
quando vimos a
simples turfa
transformar-se no
diamante, o carbono
puro.
Conduzidos ao reino
das plantas, pudemos
observar o
acasalamento de uma
flor macho e uma
flor fêmea ou, em
certos casos, das
flores autogâmicas
em uma mesma árvore.
Vimos plantas
venenosas, ervas
daninhas, árvores
frutíferas e
medicinais, além das
carnívoras. Cada uma
num estágio e com
função própria.
Aprendemos sobre a
fotossíntese,
conhecemos a
clorofila e vimos
que as árvores são
básicas para a vida
animal. Purificam o
ar. Nesse reino
vimos a
sensibilidade. Hoje,
e as pesquisas
confirmam, há quem
converse com as
plantas sob a
alegação de que elas
produzem mais e
ficam mais viçosas
quando recebem
carinho.
Depois dessa etapa,
fomos conhecer os
animais quando vimos
a disciplina e a
organização dos
agrupamentos.
Observamos o
formigueiro e ali
estavam as
cortadeiras, as
carregadeiras, as
fiscais. Todos
trabalhando
disciplinadamente
sem reclamar ou
comparar-se ao outro
que estaria fazendo
menos ou um trabalho
mais leve. O mesmo
constata-se entre as
abelhas. Sugam o mel
das flores e,
enquanto fazem seu
trabalho, polinizam
essas flores para
continuar a vida.
Alguns insetos fazem
o mesmo.
Entre os animais,
pudemos observar
também a locomoção,
a nutrição para a
sobrevivência, o
acasalamento para
manter a espécie, o
instinto de defesa e
a obediência às leis
naturais. Mais
tarde, ao iniciar
nossa
individualidade,
estagiamos como alma
animal e os
primeiros resquícios
de inteligência
começaram a
aparecer,
aprimorando o
instinto. Finalmente
somos um ser humano.
Que aprendemos até
aqui? Tentaremos
resumir.
Os minerais, como o
potássio, o
alumínio, o cálcio,
o magnésio e tantos
outros elementos
químicos, na forma
de cloretos,
sulfatos, nitratos,
etc., são
fertilizantes das
plantas. As plantas,
por sua vez,
alimentam os animais
e oferecem agasalho
para que muitos
façam em seus galhos
sua moradia segura.
Os animais, ao comer
frutos e lançar
dejetos, multiplicam
as plantas. São
agricultores
semeando na
natureza. Além desse
trabalho, o resíduo
que eles expelem
também serve de
adubo. A água, o
elemento
indispensável à
vida, é um mineral
que alimenta todos
os demais reinos,
além do seu
próprio.Tudo o que
relatamos demonstra
a solidariedade como
lei natural. Nenhum
dos atos até aqui
relatados tem
objetivo egoístico.
É tudo automático e
natural. Por isso na
natureza tudo é
harmonia, desde que
nós não
interfiramos. Após
ingressar no reino
dos humanos, o homem
começa a desenvolver
a razão e já não
mais age pelas leis
naturais. Pensa e
cria situações. No
início,
recém-chegado nessa
categoria,
comporta-se quase
como o animal.
Podemos usar como
exemplo o nosso
índio primitivo, que
pesca para comer no
dia, dança,
banha-se, procria e
nada mais o
preocupa. Vez por
outra, lembra-se de
olhar o céu e
conversar com Tupã;
ele o vê no trovão,
mas tem na alma
incrustada a
intuição do Criador,
porque é um de seus
filhos e porta em si
a natureza divina do
Pai.
À medida que nos
desenvolvemos,
desencarnando e
voltando, vamos
tendo necessidade de
saber mais, ser mais
e ter mais.
Começamos a ser
ambiciosos, egoístas
e os valores
materiais passam a
dominar-nos. Como
conseqüência dessas
atitudes, nos
afastamos do
semelhante e cada um
deles passa a ser um
concorrente; um
inimigo. Tudo o que
aprendemos sobre
solidariedade com a
natureza, fica
esquecido,
adormecido. Passamos
a matar e a
maltratar os
animais, seja para
alimentar-nos, seja
para divertimento. O
tiro aos pombos, a
farra do boi, as
touradas, as brigas
de galo, são
pequenos exemplos.
Movidos agora pela
ganância, vamos
criando tormentos e
nos transformamos em
alguém que não mais
pode ser contentado.
Não mais temos o
limite do necessário
e nos desgastamos
pelas conquistas de
muitas coisas que
nos escravizam e que
não têm para nós
maior utilidade.
Vítimas da dor,
buscamos ajuda e
passamos a depender
da solidariedade.
O médium, o
passista, o
atendente espírita,
e os profissionais
remunerados vêm em
nosso socorro.
Começamos a
melhorar, mas só
conseguiremos a
devida melhora
quando também nós
nos transformarmos
em alguém solidário.
O tempo trará de
volta à nossa mente
tudo o que
aprendemos com a
professora natureza.
Com as pedras, com
as plantas e com os
bichos e que são a
nossa única saída. A
nossa razão, que
caminha para ser
intuição e super
intuição, a
verdadeira
sabedoria, ainda
traz um raciocínio
voltado para o
interior, quando
somente na ação de
ajuda ao próximo
poderemos ter algum
sucesso nesta louca
caminhada.
Somente quando
deixarmos os outros
participar da nossa
felicidade é que o
ciclo do amor se
completa.
Se insistirmos em
construir a alegria
só para nós, jamais
sairemos do lugar.
Octávio Caúmo
Serrano
Revista
Internacional de
Espiritismo.
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