A MINHA ALMA CIGANA



A minha alma cigana é amiga do contraste
gosta de tudo que é estranho, meio esquisito e meio comum
Minha alma cigana só tem pressa quando é hora do ângelus,

quando então, ela cisma e vai embora no azul do infinito,
vai sonhar, vai voar, vai cismar tempo afora...
Essa alma que me habita, ciganamente,
prefere noites de lua, luas cheias de si,
enluarando até a face mais cinzenta.
Minha alma cigana a ninguém e a nada se prende
ora quer cor ora quer sabor, o inconcebível ou o improvável
Minha alma cigana só tem como certo a imprecisão;
Sua única constância é a impermanência
Num inverno, se apaixona, se aquece,
no verão, se desilude, esfria, já esqueceu...
Essa alma cigana, de olhos poetas, acha rima
num simples rabisco do dia-a-dia;
Alma errante, corajosa e sobrevivente
dos mil caminhos à frente;
Faz pouso no Oeste, foge pro Norte,
adormece no Sul, e acorda no Leste
Selvática, suburbana e campesina,
minha alma cigana feito uma peste,
sob a tenda ou sol Poente,
tem que seguir a sua sina...

Maria Inês de Paula Bomfim

Sob Pseudônimo Nyha Socigana
02/07/2008 ~ Direitos Sagrados ~
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